<\/a><\/p>\nO t\u00famulo encontrava-se inviolado, com exce\u00e7\u00e3o da antec\u00e2mara onde os ladr\u00f5es penetraram por duas vezes, talvez pouco tempo depois do funeral do rei, mas por raz\u00f5es pouco claras, ficaram por ali.<\/p>\n
A c\u00e2mara funer\u00e1ria foi aberta de forma oficial no dia 18 de fevereiro de 1923. Estava preenchida por quatro capelas em madeira dourada (esp\u00e9cie de caixas do tamanho de um pequeno quarto), encaixadas umas nas outras, que protegiam um sarc\u00f3fago em quartzito de forma retangular, seguindo a tradi\u00e7\u00e3o da forma dos sarc\u00f3fagos da XVIII dinastia. Em cada um dos cantos do sarc\u00f3fago est\u00e3o representadas as deusas \u00cdsis, N\u00e9ftis, Neit e Selket. Dentro do sarc\u00f3fago encontravam-se tr\u00eas caix\u00f5es antropom\u00f3rficos, encontrando-se a m\u00famia no \u00faltimo destes caix\u00f5es; sobre a face da m\u00famia tinha a famosa m\u00e1scara funer\u00e1ria. Decorados com os s\u00edmbolos da realeza (a cobra e o abutre, s\u00edmbolos do Alto e do Baixo Egito, a barba posti\u00e7a retangular e cetros reais), o peso dos tr\u00eas caix\u00f5es totalizava 1375 quilos, sendo o terceiro caix\u00e3o feito de ouro.<\/p>\n
Na c\u00e2mara funer\u00e1ria foram colocadas tamb\u00e9m tr\u00eas \u00e2nforas, estudadas em 2004 e 2005 por arque\u00f3logos espanh\u00f3is coordenados por Rosa Lamuela-Ravent\u00f3s. Os estudos revelaram que a \u00e2nfora junto \u00e0 cabe\u00e7a continha vinho tinto, a colocada do lado direito do corpo continha variedade de vinho tinto mais doce e a terceira, junto aos p\u00e9s, continha vinho branco. Esta pesquisa revelou-se importante, pois mostrou que os eg\u00edpcios fabricavam vinho branco, mil e quinhentos anos antes do que se pensava. Na c\u00e2mara do tesouro estava uma est\u00e1tua de An\u00fabis, v\u00e1rias joias, roupas e uma capela, de novo em madeira dourada, onde foram colocados os vasos can\u00f3picos do rei. Neste local foram achadas duas pequenas m\u00famias correspondentes a dois fetos do sexo feminino, que se julgam serem as filhas do rei, nascidas de forma prematura. Embora os objetos encontrados no t\u00famulo n\u00e3o tenham lan\u00e7ado luz sobre a enigm\u00e1tica vida de Tutankhamon, revelaram-se bastante importantes para um melhor entendimento das pr\u00e1ticas funer\u00e1rias e da arte eg\u00edpcia.<\/p>\n
Em torno da abertura do t\u00famulo e de acontecimentos posteriores gerou-se uma lenda relacionada com uma suposta \u201cmaldi\u00e7\u00e3o\u201d, lan\u00e7ada por Tutankhamon contra aqueles que perturbaram o seu descanso eterno. O mecenas de Carter, Lord Carnarvon, faleceu em Abril de 1923, n\u00e3o tendo por isso tido a possibilidade de ver a m\u00famia e o sarc\u00f3fago de Tutankhamon. No momento da sua morte, ocorreu na capital eg\u00edpcia uma falha el\u00e9trica sem explica\u00e7\u00e3o e a cadela do lorde teria uivado e ca\u00eddo morta no mesmo momento na Inglaterra. Nos meses seguintes morreriam um meio-irm\u00e3o do lorde, a sua enfermeira, o m\u00e9dico que fizera as radiografias e outros visitantes do t\u00famulo. Para al\u00e9m disso, no dia em que o t\u00famulo foi aberto de forma oficial o can\u00e1rio de Carter foi engolido por uma serpente, animal que se acreditava proteger os fara\u00f3s dos seus inimigos. Os jornais da \u00e9poca fizeram eco destes fatos e contribu\u00edram de forma sensacionalista para lan\u00e7ar no p\u00fablico a id\u00e9ia de uma maldi\u00e7\u00e3o. Curiosamente, Howard Carter, descobridor do t\u00famulo, viveu ainda durante mais treze anos.<\/p>\n
O Tesouro de Tutankhamon encontra-se hoje no Museu do Cairo. Ele \u00e9 uma das grandes atra\u00e7\u00f5es no museu, h\u00e1 um setor inteiro somente para abrigar e exibir tudo o que foi encontrado.<\/p>\n